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<p>O projeto de anexar a Faixa de Gaza e o temor do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de investigações de corrupção contra ele estão por trás da decisão de <a href="https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-03/novos-bombardeios-israelenses-em-gaza-deixam-centenas-de-mortos" target="_blank">retomar os bombardeios ao território palestino</a> na madrugada desta terça-feira (18). Essa é a avaliação de analistas consultados pela <strong>Agência Brasil</strong>.<img src="https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.png?id=1635007&;o=node" style="width:1px; height:1px; display:inline;"/><img src="https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.gif?id=1635007&;o=node" style="width:1px; height:1px; display:inline;"/></p>
<p>Os especialistas no conflito Israel-Palestina descartaram que o retorno dos ataques à Gaza tenha relação com alguma intransigência do Hamas para negociar a liberação dos cerca de 60 reféns que seguem nas mãos do grupo, conforme afirma a versão oficial do governo de Tel-Aviv.</p>
<p>O professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Michel Gherman, analisa que, por trás da decisão de retomar a guerra, está o <strong>escândalo do <em>Qatar Gate</em></strong>, investigação que indica que assessores de Netanyahu receberam dinheiro da monarquia absolutista do Qatar, que também financia o Hamas e é um dos interlocutores do acordo de cessar-fogo. </p>
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<p>“O que está acontecendo é uma tentativa de golpe [para se manter no poder], e os bombardeios, de ontem para hoje, foram uma forma de silenciar o que está acontecendo com o escândalo do chamado de Qatar Gate”, disse Gherman.</p>
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<p>Os bombardeios mataram cerca de 400 palestinos em menos de 24 horas, sendo 100 crianças, segundo cálculos do Ministério da Saúde de Gaza, e rompem uma trégua relativa de dois meses iniciada no dia 19 de janeiro.</p>
<p>Gherman acrescenta que o anúncio dessa semana de demissão do chefe da agência da segurança interna de Israel Shin Bet, Ronen Bar, pode ser consequência da recusa de Bar em interromper as investigações sobre o caso Qatar Gate. Netanyahu justifica que “perdeu a confiança” no aliado.</p>
<p>A professora de pós-graduação em relações internacionais da PUC de Minas Gerais Rashmi Singh concorda com essa avaliação e diz que Netanyahu usa o pretexto das negociações de paz e da troca de reféns para se proteger do processo judicial por corrupção.</p>
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<p>“Ele deveria testemunhar esta semana. Isso agora foi adiado por causa da retomada da agressão em Gaza”, comentou.</p>
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<h2>Anexar Gaza</h2>
<p>Ao mesmo tempo, a especialista em Oriente Médio Rashmi Singh avalia o projeto de anexar Gaza é determinante para a volta dos bombardeios.</p>
<p>“A retirada unilateral de Israel do cessar-fogo é totalmente esperada e resultado de suas próprias ambições. A retomada da matança de moradores de Gaza sob o pretexto de combater o terrorismo/Hamas é parte de uma estratégia de ocupação ilegal e anexação de terras em Gaza”, avaliou.</p>
<p><strong>Rashmi diz que a justificativa de Israel para retomar o bombardeio à Gaza não se sustenta.</strong> “Essa é uma tática de distração, porque o acordo original do cessar-fogo não tinha essa cláusula em vigor [de liberar todos os reféns unilateralmente pelo Hamas]. Então, Israel está mudando os termos do cessar-fogo para seus próprios objetivos”, comentou.</p>
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<p><!--copyright=411523-->Libertação de refém israelense pelo Hamas. <strong>Frame/Reuters TV/Proibida reprodução</strong><!--END copyright=411523--></p>
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<p>A primeira fase do acordo de cessar-fogo previa a devolução de 25 reféns vivos, dos restos mortais de outros oito mortos, além da liberação de 2 mil prisioneiros palestinos, muitos dos quais foram presos novamente por Israel. Enquanto a segunda fase não fosse negociada, deveriam prevalecer os termos da primeira fase, com manutenção do cessar-fogo. <a href="https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-03/com-bloqueio-de-israel-1-milhao-de-criancas-em-gaza-enfrentam-fome" target="_blank">O governo de Tel-Aviv também violou o acordo ao bloquear a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino desde o dia 1º de março</a>. </p>
<p>Para a especialista da PUC de Minas, a anexação dos territórios palestinos segue também na Cisjordânia, onde <a href="https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-02/israel-expulsa-40-mil-na-cisjordania-em-maior-operacao-em-20-anos">Israel expulsou nos últimos meses mais de 40 mil pessoas de suas residências</a>. </p>
<p>“Isso é tudo ilegal, em violação ao direito internacional e, no caso da linguagem normalizada de limpeza étnica como ‘realocação’, até mesmo um crime de guerra”, acrescentou Singh.</p>
<p>Israel tem defendido o projeto para Gaza do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, com <a href="https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-02/trump-pedira-rei-da-jordania-para-transferir-palestinos-de-gaza">o deslocamento da população para países vizinhos</a>, o que vem sendo rejeitado pelos Estados árabes e pelas lideranças palestinas. </p>
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<p><!--copyright=412978-->Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. <strong>REUTERS/Leah Millis/Proibida reprodução</strong><!--END copyright=412978--></p>
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<h2>Acordo enfraquece Netanyahu</h2>
<p>Além dos motivos já mencionados para o fim do cessar-fogo em Gaza, o professor da UFRJ, Michel Gherman, analisa que os termos do acordo, em especial com a implementação da segunda fase, colocaria o gabinete de Netanyahu em risco de dissolução por falta de apoio dos setores mais radicais.</p>
<p>“A segunda fase do acordo, politicamente, transforma realmente o Hamas em vitorioso. Liberaria referências importantes da política palestina, como Marwan Barghouti, e colocaria Israel numa situação vergonhosa de não ter conseguido seus objetivos de guerra, a não ser a liberação dos reféns que sobreviveram”, comentou.</p>
<p><strong>Gherman sustenta que, para um governo de extrema-direita como o de Netanyahu, essa segunda fase seria impossível de implementar</strong>. “É uma fase de acordo com um grupo que Israel supostamente indicaria que era preciso destruir”, completou.</p>
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<br />Fonte: Agência Brasil<a href="https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-03/volta-da-guerra-por-israel-busca-anexar-gaza-e-blindar-netanyahu"Agência Brasil</a></p>